A noite em que roubei as chaves para o céu
Postado por Rafael em Contos , Pensamentos Críticos , Psique
Quando jovem, era um prodígio entre perdedores. Superior em todos os sentidos, exceto no genético. Afirmar isso seria dizer que existem pessoas com genes inferiores. O que é uma verdade, mas proibida.
Sentimentos eram tangíveis e coloridos. A alvura da raiva estava em contraste com o vermelho do meu rosto, sendo esta última a cor da ansiedade e do amor por outra pessoa. Já o amor próprio era o céu. Em cor e extensão.
Falando em céu, lembro que as estrelas eram sóis, mas que se recusavam a afundar na noite. As nuvens, projeções de um futuro triste. As pessoas que observavam a este espetáculo sem notar a sua magnitude, eram meros objetos.
Então minha juventude me abandonou. Fui um inútil entre mentes e físicos ascendentes. Inferior no que se podia comparar.
Eu sabia as que emoções eram resultantes de reações químicas, desencadeadas por estímulos quaisquer. Não podiam ter cores. O amor era uma questão de culto à própria imagem. As estrelas eram sóis, de fato. E as pessoas eram mesmo objetos.
Percebendo que os presságios das nuvens eram verdadeiros, decidi mudar. Envelheci mais um ano e fiz 18. Voltei a ver cores nos sentimentos. Voltei a amar aos outros, porque mesmo o amor egoísta é gentil e protetor.
Bom, as estrelas são sóis, mas em cantos distantes. As pessoas são mesmo objetos e não há o que adicionar a isto.
Lembranças de uma memorável virada de ano em presença de três pessoas ilustres, sendo duas detentoras de meu afeto egoísta. E claro, de diversas discussões sem pé nem cabeça, mas que não poderiam ter chegado a conclusões mais elusivas.
Fala, bicho!!
Massa o texto. Poético, diria.
Cara, hoje é o último dia pra mandar texto pra revista piauí (escopo do último texto lá do ensimesmando).
Não to conseguindo chegar a nenhum lugar, mas quero ver se mando alguma coisa de novo...
Detalhes:
http://www.revistapiaui.com.br/edicao_28/artigo_871/II_Concurso_Literario.aspx
Abraço!
Sempre te achei meio psico.
Desculpe, não resisti ao trocadilho.
No mais, boa escolha. Perde-se um futuro em troca de um presente, digamos. E uma tropa de moças. Ah!! As moças!
Ambas opções pressuporiam foda. O que muda é apenas a posição na qual o senhor se encontrará.
De costas aos professores, ou de frente às colegas...
A fim de te animar para o que está por vir, seguem uns versos de Bilac (o poema chama "Delírio") que são sensacionais. O final, então... Coisa de gênio.
Abraço!
Nua, mas para o amor
não cabe o pejo
Na minha a sua boca
eu comprimia.
E, em frêmitos
carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu
bem, quero o teu beijo!
Na inconsciência
bruta do meu desejo
Fremente, a minha
boca obedecia,
E os seus seios,
tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar
em doce arpejo.
Em suspiros de
gozos infinitos
Disse-me ela, ainda
quase em grito:
– Mais abaixo, meu
bem! – num frenesi.
No seu ventre
pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu
bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci…