Sempre olhares...

Postado por Rafael em



– Eu sei o que você está pensando. (Ele afirma).

– Então sabe que tem que ir.

– Prefiro que me diga...

– Acabei de dizer.

– Você não acha que eu mereço mais, depois de tudo?

– Você disse que sabia o que eu estava pensando. Por que está dificultando as coisas então?

– Não sei... Estou sem palavras.

– Eu não gosto disso também. Mas já estava na hora de acontecer. A gente não pode deixar tantas coisas se acumulando, sabe...

– Ah, mas por que temos que nos separar?

– Vai ser melhor, você verá.

– Não sei... Com você eu sei que conseguiria, mas sozinho...

– Confie em mim, meu amor. Será melhor.

– Ta bom, você é mais velha e sabe mais da vida.

– Engraçadinho! Agora vá!

– Calma! Você sabe que eu não gosto disso.

– Eu também não, mas acontece.

[...]

– Mas lavar louça?! Ah meu saco...

– Eu vou varrer o chão, oras.

– Saco mesmo. É muito mais fácil varrer, poxa!

– E dai? É a sua vez de ficar com a louça!

– E quando foi a sua?

Ela o beija (elas sempre sabem o que fazer...).

– Isso responde sua pergunta?

– Claro que não. Mas se essa é sua resposta para as perguntas difíceis... O que Nietzsche disse sobre o amor mesmo?

– “Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal”. Há!

– Saco mesmo! Hmmm... Por amor a você, farei o “mal” de não lavar a louça então!

Ela o beija novamente...

Mudou de idéia?

Ele a olha friamente. (Sim... Mudei de idéia. Mas e quando eu não fizer mais questão de sua presença, como me pedirá algo? - pensou).

Pobre rapaz, mal sabia que era ela quem dava as cartas. Ele, dispensá-la? Nem por um decreto...