25
Sempre olhares...
Postado por Rafael em Contos
– Eu sei o que você está pensando. (Ele afirma).
– Então sabe que tem que ir.
– Prefiro que me diga...
– Acabei de dizer.
– Você não acha que eu mereço mais, depois de tudo?
– Você disse que sabia o que eu estava pensando. Por que está dificultando as coisas então?
– Não sei... Estou sem palavras.
– Eu não gosto disso também. Mas já estava na hora de acontecer. A gente não pode deixar tantas coisas se acumulando, sabe...
– Ah, mas por que temos que nos separar?
– Vai ser melhor, você verá.
– Não sei... Com você eu sei que conseguiria, mas sozinho...
– Confie em mim, meu amor. Será melhor.
– Ta bom, você é mais velha e sabe mais da vida.
– Engraçadinho! Agora vá!
– Calma! Você sabe que eu não gosto disso.
– Eu também não, mas acontece.
[...]
– Mas lavar louça?! Ah meu saco...
– Eu vou varrer o chão, oras.
– Saco mesmo. É muito mais fácil varrer, poxa!
– E dai? É a sua vez de ficar com a louça!
– E quando foi a sua?
Ela o beija (elas sempre sabem o que fazer...).
– Isso responde sua pergunta?
– Claro que não. Mas se essa é sua resposta para as perguntas difíceis... O que Nietzsche disse sobre o amor mesmo?
– “Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal”. Há!
– Saco mesmo! Hmmm... Por amor a você, farei o “mal” de não lavar a louça então!
Ela o beija novamente...
– Mudou de idéia?
Ele a olha friamente. (Sim... Mudei de idéia. Mas e quando eu não fizer mais questão de sua presença, como me pedirá algo? - pensou).
Pobre rapaz, mal sabia que era ela quem dava as cartas. Ele, dispensá-la? Nem por um decreto...